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FLORES em Sampa
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"Não sou nada, nunca serei nada, não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo (...)
Quando quis tirar a máscara estava pegada à cara"

Fernando Pessoa
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Uma viagem através do universo das máscaras.
Da pré-história à antiguidade greco-romana, você irá conhecer a relação entre a palavra e a máscara, o processo de confecção das máscaras da Commedia dell' Arte e a presença da máscara no teatro de Nelson Rodrigues.

Por Pedro Alcântara

Ptg.: máscara; Fr.: masque; Ingl.: mask; Al. maske

A definição de máscara centra-se em uma distinção. No conceito seguem-se dois pólos, um positivo e outro negativo. O primeiro aponta para a máscara teatral, o segundo tem por finalidade específica esconder o rosto daquele que a está usando, impedindo o reconhecimento do sujeito. Nessa distinção reside a dupla função da máscara, como incógnito e como segundo rosto. Existe aí uma relação de ambigüidade da máscara com a identidade de seu portador, que ora está apagada e anulada, e ora está restabelecida (metáfora) dentro de um contexto sistematizado por valores invertidos (como o carnaval) ou dentro de um contexto que implica um jogo de convenções entre duas partes.

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As Origens da Humanidade

Meu, que loucura!!! Olha só pra essa pergunta: qual a diferença do homem para os outros animais? Sei lá!!! A ciência vem fazendo um monte de descobertas, mas um coisa é certa: o homem é o único ser que anda sobre a terra e tem a capacidade de desenhar o próprio rosto!!! Já se ligou nesse detalhe? Pois olha que nenhum outro ser neste mundo de meu Deus consegue desenhar ou reproduzir a própria imagem. A não ser nós.

Eu, tu, ele...mas antes da história tinha a pré-história... e antes da pré-história tinha o som, ou será que não é assim? O certo é que antes da primeira palavra ser pronunciada alguém gritou, e antes desse grito alguém escutou os sons da natureza. O homem tentou reproduzir os sons da natureza e aí? E aí surge o nome de uma coisa!!! O nome. Ao dar nome às coisas, o homem dá o seu primeiro passo para dominar a natureza!!! Put’s, é demais!!! Será que você não percebe? Mas é claro! Assim como uma criança pensa diferente do adulto, assim o homem das cavernas pensava diferente da gente, como... quase, não como criança mas como alguém que está descobrindo o mundo.

De noite os trogloditas se reuniam para dançar e cantar em suas festas, e a palavra era pronunciada como uma invocação...Olha só, falava-se "trovão", e ao se falar invocavam a entidade, ela abaixava naquele tempo e espaço, porque para os homens das cavernas o trovão era uma pessoa, ou você pensa que ele sabia que o trovão era uma descarga elétrica, ora, ora... meu caro.

Mas e daí? E daí que estou aqui pra falar da máscara e... quando o homem viu que ao dar nome às coisas ele deu um passo para o domínio da natureza, ele então resolveu dar o passo seguinte: criar máscaras para incorporar as entidades da natureza como o trovão, o raio e a chuva, os animais poderosos que ele temia, e colocou tudo isso num ritual. As coisas se fizeram presentes no ritual, onde o homem invocava o mito e a história se repetia, de forma que assim ele podia ser o que temia, admirava e adorava.

O Mito

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Cara!!! Se liga. Estou entendendo tudo! Mas é agora que a confusão se criou, porque ao entender tudo, esse tudo vira uma bagunça. Vamos lá! O que é mito? Mito é o primeiro!!! Sim, é uma narrativa que conta a origem, num tempo quando o tempo ainda não existia e a história também não existia, oh, mas é claro. Então o mito é uma narrativa que conta um fato que ocorreu antes da história, e que explica a história.

Meu... olha que loucura! Os homens das cavernas encaravam a morte como uma passagem de estado, e o parente morto passava a existir, isto é, fazia-se presente, através de símbolos: objetos, esculturas e.... máscaras.

No momento da cerimônia ritualística, o mito do antepassado fazia-se presente, através daquele que vestia a máscara, o sacerdote.Ele explica o presente através de uma coisa que aconteceu na PRÉ-história. Ahhhhhhhhh.... agora é que o tudo ficou embolado no meio de campo. Lembrei! O mito da criação do homem, Deus criou o primeiro homem do barro e daí veio Adão, a primeira mulher vem da costela de Adão, e aí se explica nosso presente. Mas aí é religião e não ciência, por isso é que tudo fica uma bagunça!

Mas ô meu deixa isso pra lá, a questão ainda é outra. Olha só: os homens das cavernas não escreviam, mas desenhavam (os animais e a si mesmos), caçavam, alguns já dominavam o fogo, então, eles eram seres humanos!... se eles desenhavam a si mesmos isso significa que eles questionavam a realidade ao seu redor, e ao questionar viam e sentiam as forças da natureza, fortes, mais fortes, mais muito mais fortes que eles. Caramba! O que um pobre homem das cavernas podia contra um raio ou um relâmpago? Gritaria ele mais trovejante que um trovão? Ele só podia reproduzir o som. Por isso é que ele achava que o trovão era um ser, um ser forte, mas forte, muito mais que ele, e imortal porque seus antepassados já falavam desses seres superiores.

Aí meu! Cheguei! Nos antepassados, no mito do primeiro. Eu existo, mas de onde venho? De meu pai? E ele? Do pai dele, aí vai, até onde? Até o danado do mito!

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A Máscara e a Modernidade

O homem moderno é um ser fragmentado pela presença de crenças várias, individualizado em relação ao mito como verdade corporificada ou modelo grupal. A crença é muito mais um problema de convicção intelectual. O evangelho de Marcos, no episódio do possesso da região dos gerasenos, faz referência àquele "espírito impuro" que se apresenta:
Legião é o meu nome porque, somos muitos. O discurso de Stephen dedalus em Ulisses revela a mesma imagem fragmentada: Caminhamos através de nós mesmos, encontramos ladrões, fantasmas, gigantes, velhos, jovens(...) mas sempre encontramos a nós mesmos.

A Confecção das Máscaras: O Processo

1.jpg (9632 bytes) Primeiramente a máscara idealizada será desenhada numa folha de papel A4 com grafite. Uma vez projetada no papel, a forma desta em plano tridimensional será modelada em argila. A modelagem em argila servirá de base para a escultura na madeira, sobre esta última se moldará o couro.
A madeira deve ser trabalhada com formão reto e goiva, para se chegar a formas aproximadas.  Na seqüência, a escultura será limada com grosas e lixas gradualmente mais finas, até se chegar a formas definidas.
Chegando-se a tais formas, o couro, amolecido em água, é colocado no molde e preso com pregos. O próximo passo é dar ao couro as formas da madeira, para isso é necessário trabalhá-lo com martelos específicos.
Depois de seca e processada, a máscara terá os devidos acabamentos. Tiram-se os pregos e, com um estilete e adesivo de contato, coloca-se um fio metálico, que lhe ratificará estrutura.
Finalmente, trabalhar-se-á de acordo com o aspecto e os matizes desejados. Os materiais usados no método de tingir são tintas à base de solventes cetônicos e resinas sintéticas, assim como cera, betume, verniz, tintas acrílicas e outros materiais que ainda serão pesquisados.
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Contatos: dpedroal@hotmail.com

 

 

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